Pra evitar mais irritação ainda a outros torcedores como eu, não vou dizer que dentre tantos tenho o defeito de ser vascaíno. Colocarei isso na lista de minhas características negativas.
No último domingo esse time de tantas glórias, o primeiro a ter um atleta negro na sua formação, tantas vezes campeão carioca, cinco vezes brasileiro, três sul americano, duas intercontinental conseguiu o feito de ser rebaixado pela terceira vez para a segunda divisão do futebol brasileiro. E no pequeno prazo de 8 anos.
Depois de um primeiro turno inesquecível, desses pra gente nunca mais lembrar, conseguiu uma recuperação a partir da quarta rodada da segunda etapa que chegou a ser impressionante. Trouxe de volta até a esperança de escapar da “degola”. Lembrou a manchete de um jornal sensacionalista “levou 5 tiros, felizmente só um foi fatal”.
Confesso que, ao contrário das outras duas, desta vez não fiquei aborrecido. Imagino que muitos outros vascaínos também não.
A arrogância do presidente, sua teimosia, o estilo de gestão centralizador que privilegia a malandragem e a provocação acabam por provocar um distanciamento em relação ao clube.
Não é fácil torcer para um time quando não damos conta de suportar quem o comanda.
Que chegou a jurar que se o time caísse iria andar nu na Siberia. Que pena que não tenha ido. E ficado. Acredito que grande parte da torcida desejava mais isso do que a permanência na primeira divisão.
A realidade é que o Vasco não perdeu dentro de campo, mas fora dele.
Não foram seus adversários que o derrotaram, foi ele que se perdeu.
O mais triste não é aguentar a gozação dos torcedores dos outros times e vê-lo de volta peregrinando por estádios acanhados, digladiando com adversários de menor expressão. É constatar que não consegue aprender com seus erros.
Na última vez, custou a subir para descer no ano seguinte.
Agora, depois de mais um vexame seu presidente vem a público assumir que toda a culpa pelo rebaixamento é exclusivamente sua.
Que é o único responsável pela queda do time para a segunda divisão é dele. Dele e do ex-presidente que deixou o Vasco numa situação financeira crítica. Quer dizer é dele, mas não é. Dá para aceitar um argumento assim?
Só mesmo alguém contraditório como Eurico Miranda é capaz de dizer e assumir que a culpa dele é do outro.
Lembra até de muitos dirigentes que temos no Brasil com responsabilidades bem maiores. Que ao invés de terem a humildade de reconhecer seus erros e procurar corrigi-los, preferem ficar apontando as falhas dos outros.
Como eles Eurico Miranda não para por aí. Diz que vai fazer uma limpeza no clube, demitindo 90% da estrutura de futebol.
Esquece que limpeza completa só é possível com a eliminação de toda sujeira.
E a maior dentro do Vasco é a presença dele na presidência do clube.
PUBLICADO NO CORREIO DE UBERLÂNDIA EM 12 DE DEZEMBRO DE 2015.