Costumo ser considerado, nos diferentes ambientes em que convivo, uma pessoa com uma boa dose de paciência. Pelo menos na grande maioria das vezes. Não sei se isso pode ser considerado uma virtude. Penso que se trata apenas de uma característica pessoal. Que ainda precisa e deve ser melhorada, mas em relação a maioria até que me coloca acima da média. Reconheço que isto me ajudou e ainda contribui para sair de armadilhas, não entrar em debates inúteis e conduzir relacionamentos com mais leveza.
Sou daqueles que entre ganhar uma discussão, manter uma amizade, não causar maiores aborrecimentos a outros, prefiro claramente abrir mão das disputas verbais. Não se trata de omissão. Aprendi muito cedo entender as razões da anatomia humana que nos fizeram com dois ouvidos e apenas uma boca.
Também não sei se seja uma habilidade ou quem sabe egoísmo, mas evito desperdiçar meu tempo em fazer colocações com pessoas que tem opiniões próprias e não estão dispostas a mudá-las. Uma coisa é expressar e ouvir pensamentos que podem influenciar e modificar pontos de vista. Outra é gastar pensamentos e ideias com quem não tem a menor disposição em absorver informações novas, rever conceitos. Isso é falar com as paredes.
Quando sou abordado, principalmente por quem traz pensamentos tão arraigados sobre temas complexos como política e religião fico calado. Fujo das provocações.
Alguns pensam que estou concordando com eles, quando na verdade apenas pratico o que defino como a gentileza do silêncio. Deixo o outro falar até cansar. Melhor isso do que eu me aborrecer. Além do que ouvir, em determinadas circunstâncias, acaba sendo uma forma de generosidade.
Gosto do diálogo, não da discussão. Para mim a diferença é enorme. Na discussão o lado emocional sobrepõe à razão. Só existe uma verdade, aquela que está sendo colocada. Imutável e definitiva. Está mais para um discurso do que uma conversa. Já o diálogo é a informação viva que provoca transformações, possibilita o desenvolvimento do aprendizado. A perspectiva de saber mais, de ampliar nosso universo de conhecimento por meio de ideias e pensamentos diferentes dos nossos. De abrir nossa mente para rever verdades e até mesmo, mudá-las. Diálogo não é sinônimo de concordância, pelo contrário pode e é bom que o seja, provocar debates e divergências. Mas com uma diferença fundamental, o respeito pelo outro, concordando ou não com o que ele coloca. Numa conversa aberta nada é definitivo. Tudo é pontual. Mutável.
Como estamos perdendo tempo, provocando desentendimentos e coisas piores porque partimos para discussões inúteis querendo impor ideias e opiniões. Falar, mas não escutar. Porque ouvir pressupõe muito mais do que ficar calado, abrir coração e mente para informações que podem alterar nossos pensamentos.
O encontro entre pessoas não deve ser encarado como um jogo, uma disputa de forças e supostas “sabedorias”, mas uma oportunidade saudável de crescer. De acrescentar a visão do outro, para ampliar a nossa.
Entre ganhar ou perder, acredito que o melhor é sempre aprender.